Fora da sua zona de conforto, já que a maioria de seus filmes possui temas fantasiosos, Robert Zemeckis aborda aqui uma história com o pé fincado na realidade. Nos 30/35 minutos iniciais de “O Voo”, Zemeckis opta por planos e montagem que elevam a tensão do espectador ao último grau, apresentando o longa como um possível filme catástrofe ou até mesmo de pura ação, já que é estrelado por Denzel Washington. Mas com o desenrolar da história percebemos que o diretor pretende falar de um assunto bem mais sério, a dependência química e alcoólica.
Denzel Washington vive o piloto Whip Whitaker.
A tônica então muda de caráter e a trama se aprofunda na personalidade angustiada do grande piloto Whip Whitaker (Denzel Washington), que não consegue se relacionar com seu filho e ex-esposa. Por força do destino, Whip acaba se envolvendo com a viciada em drogas Nicole (Kelly Reilly - “Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras“), que está tentando o difícil caminho da reabilitação. Mas o piloto nega sua dependência e cai na armadilha de repetir padrões destrutivos. Assim como Whitaker, o filme também acaba se tornando um emaranhado de clichês com direito à reuniões do AA (seguidas de bebedeira), encontro com a família e briga com seu filho (seguidos de mais bebedeira), amigos que querem lhe ajudar (seguidos por ainda mais bebedeira), até culminar em um final que não surpreende muito. Afinal de contas, em algum momento um personagem que é interpretado por Denzel Washington tem que mostrar consciência e fazer a coisa certa.
O elenco coadjuvante, sem exceção, está muito bem. Don Cheadle (“Homem de Ferro 2“) faz o advogado contratado pra tirar Whip da enrascada em que se meteu. Bruce Greenwood (“Star Trek“) interpreta o amigo que trabalha no sindicato dos pilotos e que dá a maior força ao colega-piloto-drogado. Mas quem desponta mesmo entre os coadjuvantes é John Goodman (“Argo“). Goodman vive o traficante das estrelas Harling Mays, o tipo de cara que encara a “profissão” como um trabalho de real importância. É ele quem deixa os figurões em forma pra entrarem em ação. Logo, as portas nunca estão fechadas pra ele – “He is on the list“.
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