Ele segue do aeroporto direto para o hotel, onde entra em contato com um antigo caso para que possam se reencontrar.
A iniciativa não dá certo, mas Michael logo se insinua para duas jovens que foram ao local justamente para ver a palestra que ele dará no dia seguinte. É quando ele conhece Lisa (voz de Jennifer Jason Leigh), por quem se apaixona.
Desde Sinédoque, Nova York, em 2008, quando dirigiu seu primeiro longa-metragem, Charlie Kaufman, a mente brilhante por trás do roteiro de Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004), Adaptação (2002) e Quero Ser John Malkovich (1999), andava meio sumido.
É a mais insólita nomeação para os Óscares. Uma história adulta dos nossos dias utilizando uma velha técnica de animação. Chega esta semana e é uma surpresa
“Anomalisa” é uma obra estranha, ficcional e ao mesmo tempo realista demais. O fato de ser uma animação ajuda a criar uma distância, um afastamento da realidade, mas os “bonecos” que representam os personagens não são criaturas fofinhas: são muito parecidos com humanos, mas de uma textura diferente e com vincos no rosto que sugerem uma máscara. Não muito diferente das que nós, humanos, usamos de vez em quando.
O protagonista é Michael Stone (David Thewlis), um guru do telemarketing que viaja a Cincinnati para divulgar seu novo livro, um manual que promete melhorar as vendas em 90% ao ensinar o profissional a tratar seu cliente como um indivíduo, especial e único. Ironicamente, o próprio Stone não acredita em nada disso.
É de enorme sensibilidade que Kaufman tenha escolhido a canção “Girls Just Wanna Have Fun”, de Cyndi Lauper, como a favorita de Lisa – uma garota insegura que Stone conhece no hotel, e que acaba dando o nome ao filme. Apesar de alegre, a música fala de expectativas sobre o papel da mulher, que aprisionam tanto a elas quanto aos homens.
“Anomalisa” poderia ser um curta, pois se demora demais em cenas banais, como a abertura de uma porta ou a preparação de um drink. Mas há um propósito nisso: criar um ambiente mais real, mais cotidiano, com o qual qualquer um poderá se identificar e, eventualmente, se envergonhar ou se emocionar. O reconhecimento e a estranheza são igualmente amplificados.
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